Steve Aoki: um novo electro é possível

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009


Na crista da onda de uma nova safra electro, o DJ californiano Steve Aoki vem fazer os brasileiros sacudirem o corpo ao som da explosiva performance Pillowface and His Airplane Chronicles - que dá nome ao seu elogiado álbum de estréia
Eduardo Ribeiro
Ele não é do poperô, mas já é reconhecido em todo o mundo como "DJ celebridade". No clipping enviado à redação antes do bate-papo por telefone, ficou mais do que claro - Steve Aoki, que também atende pelo codinome artístico Kid Millionaire, é dono de um dos selos dance-rock mais cool da atualidade, o Dim Mak.
Com um passado fortemente ancorado no movimento punk, o DJ e produtor virou uma espécie de antena sinalizadora para a nova geração dance. De Los Angeles para o mundo, ele já foi capa ou destaque em praticamente TODAS as revistas de tendência importantes.
É absurdo o número de matérias que têm o nome de Steve Aoki como representante do estilo pesado e saturado que cada vez mais avança seus tentáculos para dominar a programação dos clubs e festivais. Steve sabe aproveitar a visibilidade, e, junto com sua irmã, a modelo e atriz Devon, criou uma linha de roupas para a Dim Mak.
No campo sonoro, no último ano vários artistas em evidência assinaram com ele. Pode esperar que vem coisa boa pelo caminho: MSTRKRFT, Bloody Beetroots, Weird Science, Felix Cartal e Scanners são alguns dos apadrinhados.
Atração de hoje (24) no D-Edge, em São Paulo, ele encabeça o line-up da última edição do projeto Nokia Trends MobJam em 2008. O homem responsável pela descoberta de nomes como Bloc Party, The Kills e The Gossip comanda as pick-ups da noite On The Rocks ao lado da dupla local Killer on the Dancefloor. Warm-up melhor para o festival da marca, que rola no fim de semana (29), impossível.
O artista promete destilar petardos de seu debut
Pillowface and His Airplane Chronicles, cheio de parcerias bacanas como a francesa Yelle, Soulwax, Datarock e MSTRKRFT.
Fiquei surpreso quando ouvi o seu álbum de estréia, em que você abre o mix com "New Noise", do Refused. Não é uma música comum de se escutar numa mixtape...Bem, eu cresci no meio hardcore, estive envolvido com a cena desde os 13 anos de idade, é um grande período da minha vida. E o tipo de electro que apresento no disco é bem puxado pro rock, no limite, e a energia dessa música casa perfeitamente com a potência do que vem a seguir. A faixa funciona muito no palco, ela chama a pista, e por isso ficou tão boa como introdução.
Quando esse disco dos suecos - The Shape of Punk to Come - saiu, em 98, eu via o clipe e ficava imaginando aquela música tocada ao vivo, é muito enérgica...Muito! Pelo jeito você acompanhou o negócio...
Sim, é que eu tenho um passado punk assim como você... Você foi straight edge nessa época?Eu fui, de 92 até 2000...
Você meio que virou um sinalizador de tendências à frente da Dim Mak Records. O que uma banda precisa hoje em dia pra chamar atenção do mercado, agora que ficou tão fácil produzir e promover música?Eu fico feliz com essa possibilidade de todo mundo poder produzir música com facilidade. Um músico de quarto pode levar sua criação às apresentações e divulgar por meios e formatos que atingem todo mundo. Eu acho que a acessibilidade é um fator importante. É como educação, se você democratiza e qualifica a educação, você tem uma economia mais forte. Hoje em dia, com um laptop, eu posso compor no avião, sabe?! Por exemplo, descobri nomes interessantes que vieram do hardcore, gente começou a mexer com dance music apenas há algum tempo, e hoje são autores de algumas de minhas faixas preferidas. A evolução da tecnologia fez muita gente "de fora" se interessar pela eletrônica.
É, eu acho que a ética Do It Yourself se tornou palpável com a realidade digital, então muitas idéias do punk migraram pro electro.Sim, porque nesse meio o pessoal sempre se esforçou bastante pra fazer acontecer, com suas próprias publicações, selos, meios de distribuição e divulgação alternativos. Agora que barateou e meio que popularizou, é a mesma coisa: se os caras não sabiam tocar guitarra e mesmo assim davam um jeito, descobriam uma estética própria, o mesmo está sendo feito na eletrônica. E a ideologia D.I.Y. é algo que vou carregar comigo a vida toda.
Li uma penca de matérias sobre você, e várias delas te rotulam como o figurão dos hipsters. Você vê isso com bons olhos?Bem, eu acho que o termo é mais negativo do que positivo. Não precisava ser, mas ficou. Na verdade só tem a ver com descobrir coisas novas... É só um termo.
Vi que você tem uns produtos com seu nome no mercado. Um videogame, um sneaker, fones de ouvido. Essa é uma boa saída pra ganhar dinheiro, nesses tempos em que vender discos deixou de ser grande negócio?No meu caso eu fiz mais porque são artigos que gosto. Moda por exemplo, me atrai bastante. Você falou do tênis, eu sou maníaco por tênis. Tenho mais de quatrocentos pares. Gostei de desenvolver a linha toda, para cada cor, adoro a marca Supra, participei de todo o processo. Já as roupas, desenvolvo tudo com a minha irmã, cada detalhe.
Você é pirado em design, então, podemos afirmar?Sim, para mim a música e a imagem estão conectadas. Quando você cria um som, ele não vem sozinho, ele é parte de um contexto. E na moda é igual.
No passado, os chamados superstars DJs eram restritos aos artistas de trance, em sua maioria. Nos últimos anos, temos visto gente como o Justice aparecer num Top 100 da DJ Mag, por exemplo, e atrair multidões. Os clichês estão caindo?Acho que está havendo uma renovação nos paradigmas da pista. Nomes como o Justice, MSTRKRFT, Bloody Beetroots, Crookers... É uma geração que veio para oxigenar o eletrônico. Uma nova escola sem a mínima referência dessas vertentes dominantes. É um mundo novo dentro do universo dance. Como se existisse o continente e a ilha, e novo cenário estivesse nessa ilha.
+ info
Nokia Trends MobJam@On the Rocks - D-Edge24 de novembro, às 23hAlameda Olga, 170, Barra Funda - São Paulo, SPEntrada: R$ 50R$ 40 pelo site
www.d-edge.com.br
www.steveaoki.com

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