Um ano de Ziriguidrum com DJ Marky

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009


O embaixador do drum'n'bass foi a grande atração da festa de um ano da Ziriguidrum. Na ocasião, Marky falou à reportagem do Skol Beats sobre como anda a vertente no Brasil e no mundo
Guilherme do Carmo
O recém inaugurado clube Mary Pop, localizado na Rua Barão de Campinas, 375, paralela à São João, no centrão de São Paulo, foi o palco da festa de um ano da Ziriguidrum, projeto de drum'n'bass idealizado pelos DJs Thiago UN e Gustavo Mircko, o DJ Slim. A edição especial da festa recebeu um público de mais de 600 pessoas, que foram prestigiar as batidas quebradas, lotando a pista do Mary Pop.
O projeto começou timidamente no Bar Proelém, até fixar residência mensal no charmoso Audio Delicatessen, na Vila Madalena. A festa de aniversário, que rolou no último dia 19 no debutante dinning club, trata-se de uma edição-extra. DJ Marky foi o convidado de honra da festa, mas antes dele o som rolou solto com Twist Project, que fez um belo warm-up para o residente Slim entrar em ação, pois, além de um ano de "Zirigui", como chamam os mais íntimos, era também o seu aniversário.
A expectativa de Slim antes da apresentação não escondia o nervosismo misturado com ansiedade e euforia, o que resultou num set cheio de variações, do deep ao heavy, deixando o público do club em êxtase. Thiago UN, outro residente, manteve a vibe com um set super pra cima e soltando grandes hits para deleite daqueles que esperavam o grande momento da noite, a hora de cortar o bolo - ou melhor, a apresentação de Marky.
Eram 2h36 quando um dos melhores DJs do mundo, único a se apresentar em todas as edições do Skol Beats, assumiu os toca-discos e, com toda a maestria e intimidade que tem com dancefloor, foi despejando sons e mais sons que pareciam entorpecer as mentes de todos que vibravam e dançavam muito embalados pelo set.
Mais do que animada, alternando faixas deeps e experimentais, a performance foi primorosa, mostrando porque Marky continua sendo um dos melhores DJs do mundo. Dois momentos marcantes: 1) quando colocou nos decks o remix de "Jump", do TC, as pessoas simplesmente foram à loucura; 2) pouco antes de deixar o comando da pista para o "king of the jungle" DJ Davi Killa, ele disparou o remix do clássico "Super Sharp Shooter", de DJ Zinc, e as paredes tremiam com os beats exuberantes.
Depois de a casa quase vir abaixo, foi a vez de Davi assumir os turntables e destilar mais um incrível set, relembrando o passado com os maiores sucessos do hardcore e jungle. Bacana foi ver Marky dançando como um louco na frente do palco, assim como seus fãs.
A festa de um ano da Zirguidrum teve sucesso garantido por todos os envolvidos. Organização, clube, artistas e principalmente o público, que fez uma balada mais do que bonita.
Por volta das 6h30, quando a balada já havia terminado, DJ Marky ainda falou ao Skol Beats sobre a Ziriguidrum e a respeito de como anda o DB no Brasil e ao redor do mundo. Comentou, ainda, sobre as críticas de alguns "especialistas" em música eletrônica acerca de uma suposta "morte do gênero".
Um ano de Ziriguidrum. Como foi a noite pra você e qual é a importância dessa festa para a cena DB nacional?Ótima festa, muito boa e bonita, fazendo um ano de vida, sempre trazendo grandes artistas, com um bom público. Já toquei nesse projeto em outra oportunidade e é sempre bom ver a pista cheia. Essa iniciativa dos meninos, do Slim e do Thiago, é muito importante para manter o drum'n'bass sempre na ativa. Não só eles, mas existem muitas outras festas aqui em São Paulo e todas são muito importantes. A Ziriguidrum é uma das boas festas de DB que existem na cidade, sempre se renovando, mudando, trazendo artistas de diferentes estilos, e hoje rolou nesse clube muito bonito. Os meninos estão realmente de parabéns por manter a festa e espero que ela só cresça, pois tem tudo para que isso aconteça.
Recentemente você lançou um álbum somente de influências, o Influences - Compiled and Mixed by DJ Marky. Quais as expectativas em torno desse novo trabalho? Venderá por aqui?Não iremos lançar este no Brasil, mas posso dizer pra você que já está sold out, já foi tudo vendido tanto em CD quanto vinil. Estamos muito felizes por isso. Muitos bons comentários. Nesse álbum tentei mostrar as músicas que fizeram e fazem parte da minha vida, da minha formação musical, da minha carreira. Está tudo indo muito bem.
Podemos dizer que a classificação "drum'n'bass" se firmou em 1995. São quase 14 anos de história, fora o tempo de hardcore e o jungle. Como anda a cena DB no mundo, principalmente na Europa? E o que falta para engrenar de vez aqui no Brasil?Está ótima, muito grande, com grandes festas, grandes artistas e, o principal, é o som que se renova. O que falta para dar mais certo aqui no Brasil é o público começar a frequentar mais as festas. Temos várias festas que tocam diversos estilos dentro do drum'n'bass e talentos incríveis que estão produzindo muitas músicas de qualidade e festas boas também. Exemplo disso é a Ziriguidrum, que hoje está nesse clube bem estruturado. As pessoas têm de parar de escutar só o que está na moda.
Essa coisa só de escutar os "ué ué ué" tem que acabar. Não que seja ruim, mas existem muitas coisas boas, ótimas produções de deep, por exemplo. As pessoas precisam prestar atenção nos artistas bons daqui do Brasil também. Tem muito Top DJ internacional que se prende aos Top 10 e esquecem, ou simplesmente não tocam, outras músicas de qualidade. Na minha festa lá em Londres (DJ Marky and Friends) eu levo alguns desses Top DJs, mas os que realmente se importam com a música, e não somente com o que está na moda.
Levei esses dias o Andy C pra tocar lá e ele mandou um som extremamente comercial e muitas outras coisas do selo dele, enquanto eu, por outro lado, tocava "Mr. Right On", do Calibre, som que poucas pessoas gostam. No outro dia toquei novamente com o Andy C e ele fez um set totalmente diferente, com músicas bacanas, saca?! São pessoas assim que sabem sentir a música, sabem conduzir.
Algumas pessoas que cobrem música eletrônica disseram, no pós-Skol Beats, que o festival havia marcado a "morte do gênero no país". O que você tem a dizer para rebater essas avaliações uma vez que, mais do que nunca, existe um grande leque de artistas no mundo inteiro produzindo diferentes tipos de som dentro do próprio DB e com diversas festas rolando, como a que você tocou hoje?Você disse tudo, cara! Veja a quantidade de artistas que produzem músicas boas, desde o heavy até o deep, festas comemorando aniversários - está aí o exemplo, não preciso dizer mais nada. Olha, não tenho nada contra o techno, trance, house, nada contra nenhum estilo musical, mas eu acredito no drum'n'bass, foi isso que escolhi pra minha vida e estou muito feliz.
Fala-se muito disso e daquilo porque o pessoal fica preso àquilo que está na moda. As pessoas precisam acreditar mais na música. Um estilo que se renova sempre como o DB não morre assim, de repente. Isso é algo que tento passar no meu programa de rádio, sempre tocando sons diferentes, estilos diferentes dentro do gênero e mostrando que a música não é só aquilo que está no Top 10. Tem muito artista grande, Top DJ, que fica estanque. Eu acredito na música! Sabe, as pessoas falam muita besteira, dizer que o DB morreu... Eu não preciso provar nada pra ninguém.
No Skol Beats toquei depois de uma grande atração, o Justice, e isso é muita responsabilidade. Fui lá, toquei a minha música, o que eu acredito, a galera ficou lá dançando porque também acredita, porque gosta e essa é a resposta pra todo mundo que fala esse tipo de absurdo. Sou o que sou, cara... faço o que gosto e o que eu acredito.
+ info

www.djmarky.com.br
www.ziriguidrum.blogspot.com
www.marypopclub.com.br
www.audiodelicatessen.com.br

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